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Lúpus: saiba como tratar

O manejo do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) visa mitigar fundamentalmente o risco de dano orgânico e promover a remissão da doença. A estratégia terapêutica adotada é influenciada pela especificidade do(s) sistema(s) orgânico(s) afetado(s) e pela gravidade da condição, oscilando entre abordagens de menor intensidade (como o uso de AINEs e fármacos antimaláricos) até terapias mais agressivas (incluindo agentes imunossupressores e corticosteroides).

A instrução adequada do paciente acerca do LES é crucial, abrangendo desde a compreensão da patologia até a conscientização sobre a importância da aderência terapêutica e monitorização contínua. Medidas de suporte, tais como a gestão do estresse, a manutenção de uma boa higiene do sono, a prática regular de atividades físicas e o suporte emocional são elementos chave no tratamento integrativo do LES.

Adicionalmente, a cessação do tabagismo é fortemente recomendada devido ao seu potencial de exacerbar os sintomas do LES. Diretrizes dietéticas específicas, incluindo a exclusão de ultraprocessados e a inclusão de alimentos ricos em vitamina D, juntamente com estratégias de fotoproteção, são enfatizadas para minimizar os riscos associados à exposição solar. Usar filtro solar várias vezes ao dia é muito importante.

No tocante às manifestações cutâneas leves, a terapia pode ser realizada com corticosteroides tópicos ou medicações em pomada, como o tacrolimus. A hidroxicloroquina é preferida para a maioria das manifestações cutâneas, sendo altamente eficaz. Em situações de doença severa ou resistente, o manejo pode incluir corticosteroides sistêmicos e agentes como o micofenolato mofetil e o belimumabe.

Para manifestações musculoesqueléticas, a hidroxicloroquina é usualmente a primeira escolha. Ausência de resposta a esta pode levar à consideração de metotrexato ou leflunomida, e em casos refratários, belimumabe e rituximabe.

Na abordagem de manifestações hematológicas, é importante avaliar adequadamente. Citopenias leves podem não requerer intervenção, enquanto casos moderados a severos são frequentemente geridos com corticosteroides, recorrendo-se a azatioprina ou ciclosporina-A como agentes poupadores de esteroides.

Tratamentos para casos refratários severos podem incluir terapias mais agressivas.
Manifestações cardiopulmonares variam em tratamento desde o uso de AINEs e corticosteroides orais para serosites, até abordagens mais específicas para complicações mais graves, dependendo da manifestação específica.

O manejo de manifestações neuropsiquiátricas inicia com a exclusão de outras causas potenciais e pode incluir o uso de corticosteroides de alta dose e agentes imunossupressores para manifestações inflamatórias.

Finalmente, as manifestações renais do LES, especificamente a nefrite lúpica, requerem confirmação diagnóstica via biópsia e são tratadas com base na classe de nefrite identificada, variando desde uso de antihipertensivos até regimes imunossupressores intensivos para casos mais severos.

Portanto, o tratamento do LES é multifacetado e altamente personalizado, exigindo uma abordagem holística e integrativa que abarca tanto terapias farmacológicas quanto medidas de suporte e educação do paciente.

Lupus* Artigo da colunista Carla Dionello, presidente da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro (@reumato.phd).

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