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Endometriose: 7 milhões de brasileiras sofrem com a doença e encontram alívio em tratamento multidisciplinar

A endometriose atinge cerca de 176 milhões de mulheres em todo o mundo, sendo mais de 7 milhões somente no Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Trata-se de uma condição crônica em que células semelhantes às do endométrio – camada interna do útero – se desenvolvem fora do ambiente uterino, provocando dores intensas, alterações intestinais e urinárias, incômodos durante e fora do período menstrual, além de impactos na vida social, afetiva e emocional das pacientes.

A fisioterapeuta pélvica Patrícia Zaidan chama atenção para o fato de muitas mulheres não receberem um diagnóstico preciso ou, quando diagnosticadas, terem dificuldade de encontrar profissionais especializados.

“É muito comum as pacientes relatarem queixas de cólicas severas, dor pélvica crônica, dor na relação sexual e até modificações na função intestinal e urinária. Infelizmente, algumas demoram anos até descobrir que esses sintomas estão relacionados à endometriose”, explica Patrícia.

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Nova colunista da Utilità integra uma equipe multiprofissional no Rio de Janeiro

Além do sofrimento físico, a doença abala o bem-estar emocional. Por medo de incompreensão ou desconfiança por parte do companheiro, muitas mulheres sentem-se pressionadas a manter relações sexuais mesmo com dor, agravando o desgaste psicológico.

“O aspecto emocional é fundamental. Não basta cuidar apenas da dor no corpo; é preciso acolher a mulher como um todo”, salienta Patrícia, que atualmente cursa especialização em psicanálise para aprofundar a abordagem de questões ligadas à dor crônica.

Para suprir as inúmeras necessidades de quem convive com a endometriose, Patrícia integra uma equipe multiprofissional no Rio de Janeiro–Niterói, a Endometrio Mulher, criada especificamente para o tratamento conservador da doença e de outras dores pélvicas crônicas.

Entre os profissionais envolvidos, estão fisioterapeutas, médicos especialistas em dor, nutricionistas, psicólogos, cirurgiões de endometriose e até osteopatas, cada um responsável por abordar diferentes aspectos que influenciam o quadro doloroso.

“É um engano imaginar que a doença pode ser resolvida por um único profissional ou com uma técnica isolada. A endometriose é complexa, e o trabalho em conjunto otimiza os resultados”, destaca.

O tratamento conservador, segundo Patrícia, inclui a fisioterapia pélvica para relaxar e fortalecer a musculatura, além de corrigir possíveis desequilíbrios posturais. Exercícios terapêuticos e manobras de liberação miofascial ajudam a controlar a dor, enquanto a nutrição balanceada pode reduzir inflamações relacionadas à doença.

“É imprescindível avaliar cada paciente de forma minuciosa, identificando pontos de tensão na região da pelve e investigando hábitos alimentares ou fatores emocionais que possam contribuir para o agravamento do quadro”, afirma Patricia, reconhecida por seu tratamento alcançar excelentes resultados.

Embora muitas mulheres obtenham alívio significativo com essa abordagem, Patrícia frisa que não existe milagre, a paciente precisa de fato se envolver com o tratamento e seguir as orientações dos profissionais.

“Em casos em que o tratamento conservador não atinge os resultados desejados, a cirurgia pode se tornar necessária. Contudo, perceber que há alternativas para evitar procedimentos invasivos já traz esperança para quem achava que só teria a opção cirúrgica”, diz a fisioterapeuta.

Outro ponto fundamental é a inclusão de atividade física, que Patrícia considera determinante para melhorar a qualidade de vida das pacientes.

“Exercícios adequados ajudam na regulação hormonal, na melhora da circulação sanguínea e na liberação de endorfinas. Mas é preciso respeito ao ritmo de cada mulher, pois muitas chegam com dores muito intensas. O importante é inserir a prática no momento certo, com a orientação correta”, explica Patrícia.

Formada em fisioterapia pélvica e também professora de educação física, Patrícia atua desde 2009 em consultórios localizados no Centro do Rio, em Copacabana, em Icaraí e no Hospital Niterói D’Or.

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Patrícia reforça a importância de difundir informações sobre a endometriose

Sua experiência inclui passagens pelo Hospital dos Servidores do Estado, onde trabalhou com urologia, proctologia e ginecologia, além de coordenações em cursos de pós-graduação em instituições como a Universidade Gama Filho, a Universidade Castelo Branco e a Universidade Estácio de Sá.

Com o olhar voltado para a integração entre corpo e mente, Patrícia reforça a importância de difundir informações sobre a endometriose para que as mulheres reconheçam sintomas precocemente.

Compartilhar conhecimentos e buscar equipes preparadas permite não só conter a progressão da doença, mas também resgatar a saúde física e emocional das pacientes.

“Falar sobre endometriose é essencial para rompermos o silêncio que cerca uma dor que, muitas vezes, é invisível. Quanto mais divulgarmos e discutirmos o assunto, mais mulheres poderão buscar ajuda especializada e, assim, retomar suas vidas sem a sombra constante da dor”, conclui.

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