Entender de que forma uma mãe se sente quando recebe do médico o diagnostico de que seu filho é autista, quando se sente fragilizada e sem chão, é compreensivo. O processo de luto, da não aceitação dessa condição de vida desse filho acolhido e esperado durante o processo de nove meses, desencadeia uma rejeição que muitas vezes coloca a mãe em luto, sem que a mesma ou o pai ou até mesmo a família inteira perceba. Durante esse período, essa criança vai sofrendo consequências irreparáveis e frequentemente leva a destruição desse lar, que deveria ser acolhedor, prazeroso e saudável, favorecendo dinâmicas comprometedoras a esse sujeito, que muitas vezes ainda não construiu uma voz própria, não foi visto para que pudesse se reconhecer, sem a construção de sua identidade. Sabemos que os médicos indicam os terapeutas e os medicamentos, a confiança é total, por conta do estado de fragilidade que todos se encontram, e tudo o que eles dizem acaba sendo lei para essa família, mas as questões do dia a dia se aprendem, sem saber como e por onde começar.
Devemos ressaltar que ninguém ainda sabe ao certo e de forma indiscutível o que é autismo. Quando se adota a sempre válida recomendação de Leo Kanner sobre a necessidade de humildade e cautela diante do tema, conclui-se que compreender o autismo exige uma constante aprendizagem. Então vamos a algumas dicas que possam ajudar e favorecer um ambiente mais saudável, de qualidade e feliz. A primeira dica é buscar a aceitação, procurando ajuda, e não se permitindo permanecer no luto, podendo fazer o dia a dia dessa criança ser melhor.
A segunda seria verificar a questão do atraso na fala, que sempre é o primeiro alerta, busque um profissional que entenda de comunicação alternativa, saiba trabalhar com Pechs, ABA, entre outros recursos de comunicação visual. É um método em que a criança apresenta a figura e é recompensada, fazendo a mesma perceber a necessidade de se comunicar. Ela não irá falar de imediato, precisando entender a importância da comunicação e, aos poucos, vai querendo se comunicar. O importante é ajudar para que ela possa construir uma voz, uma comunicação que lhe atenda, muitos desses comportamentos agressivos acontecem porque esse sujeito não consegue se expressar, o que é muito frustrante e desesperador, promovendo a agressividade. Desenvolver a comunicação, dando a ele a possibilidade de construir uma voz, é superimportante. Saliento que os pontos apresentados permitem, ainda, pensar sobre a importante distinção entre os conceitos de linguagem, comunicação e fala.
A terceira dica é manter-se sempre atualizado, buscar informações com cursos, palestras, e procurar alguns grupos para fazer parte, dialogar, se manter informado; isso impedirá que você pule alguma etapa desse processo, não tem como passar pela situação sozinha, não damos conta sozinho, e isso não é inteligente ou sadio.
A quarta dica: verificar a parte orgânica do seu filho; alimentação não deve ser desconsiderada, os autistas às vezes têm intolerância a algum alimento, que, quando ingerido, pode provocar desconforto intestinal. Verificar essa possibilidade e descartá-la seria ótimo.
A quinta dica: os profissionais que seu anjo precisa no momento devem ser indicados por um especialista. Um único profissional não dará conta sozinho. Verificar a relação da criança com o terapeuta ou os terapeutas é muito importante, deve-se perceber como ele se comporta diante do espaço, qual é sua aceitação em relação ao profissional e à construção dessa relação, se chora quando entra ou se não apresenta um comportamento de prazer, num período de mais de quatro meses, então alguma coisa não vai bem.
(continua…)