O alcoolismo é uma doença oficialmente reconhecida pela Organização Mundial de Saúde desde 1967. No entanto, há mais de mil anos existem relatos de pessoas que perdem o controle sobre o uso de álcool e veem suas vidas se deteriorarem. Aproximadamente 70 a 80% dos brasileiros fizeram uso de álcool pelo menos uma vez na vida. Aproximadamente 9,1% dos homens e 1,7% das mulheres bebem de mais de quatro vezes por semana até todos os dias. O número de dependentes de álcool no Brasil é de 12,3%, sendo mais elevado dos 18 aos 25 anos.
As características principais do alcoolismo são: a ingestão progressiva de bebidas alcoólicas, o ato de beber ocupa cada vez mais tempo (inclusive com a preparação e recuperação dos problemas causados), tentativas mal sucedidas de diminuir ou interromper o uso e uma vontade irresistível quando há interrupção. Deve haver prejuízo no funcionamento social, no trabalho e familiar (conflitos, brigas constantes e tentativas de controle pelo familiar). Permanece o uso mesmo com consequências negativas e o álcool é usado em quantidades cada vez maiores para obter o mesmo efeito.
Muito importante lembrar que a influência genética contribui com 50% de chance de desenvolver alcoolismo. Se há parentes com alcoolismo na família, os cuidados devem ser redobrados. Mesmo outros vícios (como jogo ou drogas) em parentes podem indicar predisposição para o alcoolismo. As pessoas muito impulsivas e crianças com déficit de atenção também são mais predispostas.
Não existe um remédio que faça a pessoa parar de beber, entretanto algumas novas substâncias podem ajudar quando o indivíduo está motivado a tentar. Grupos de mútua ajuda e de troca de experiências têm ajudado milhares de pessoas nos últimos 60 anos a conseguir sobriedade. Não há cura para o alcoolismo e a sobriedade sustentada é necessária para o gerenciamento do problema. Diversos tipos de psicoterapia estão disponíveis, porém o profissional deve ter treinamento específico para dependência de álcool, uma vez que nem todas as terapias são adequadas.
Uma característica marcante do alcoolismo é a perda da crítica (efeito causado diretamente pelo álcool no lobo frontal do cérebro – área relacionada às decisões racionais). Portanto muitas vezes, apesar de todas as evidências, o indivíduo nega o problema e não quer se tratar. A internação voluntária e involuntária podem ser feitas pela lei brasileira e são uma opção importante quando o caso se torna grave.
Marcelo Piquet- Médico Psiquiatra