O ano de 2017 é um ano com um calendário vasto em corridas de rua. Elas estão virando o principal foco de pessoas que mudam hábitos alimentares e funcionais para obter uma vida melhor e com mais qualidade, através de práticas esportivas. Com o passar do tempo, esse tipo de atividade se tornou o segundo esporte mais praticado no país, pois a maioria da população acredita que para tal prática não será necessária a orientação de um profissional capacitado para a manutenção do corpo.
O que poucos sabem e se preocupam é sobre como está o funcionamento biomecânico do corpo para poder extrair ao máximo os benefícios da corrida sem que haja o acumulo de lesões e problemas com o excesso das atividades físicas, de maneira incorreta. Um dos profissionais capacitados à orientação e correção de possíveis problemas são os quiropraxistas, que podem ajudar a recuperar os movimentos normais e melhorar a absorção do impacto e recuperação pós-treino, os médicos para auxiliar na realização de exames e para a saúde cardiovascular e o educador físico durante os treinos, auxiliando na execução correta dos movimentos.
Durante a corrida, por exemplo, 47% do impacto é absorvido pelos tornozelos e o restante pelos joelhos, fêmur, bacia e pelo tronco, chegando o impacto até o pescoço. Logo, pessoas com alterações na coluna cervical, como lesões nos discos, discopatia degenerativa e desgaste precoce, sofrerão mais com o impacto nesta região se as demais partes do corpo não estiverem absorvendo o impacto corretamente. Portanto, quanto mais eficiente estiver a mobilidade das articulações do praticante, menos ele se lesionará e menos danos ao corpo ele terá para recuperar, consequentemente levando a uma evolução mais rápida.
A corrida por si só é considerada um esporte aeróbico. Em longos percursos também existe um trabalho anaeróbico, ou seja, a energia é gerada sem ajuda do oxigênio, pois os músculos em grande demanda acabam usando outras fontes energéticas para se manterem ativos. Estudos recentes evidenciaram que corridas de longa duração, por consumirem praticamente toda a energia muscular, acabam forçando o organismo a acumular gordura (ácidos graxos) para também usá-la como fonte de energia. Daí a grande importância do fortalecimento muscular, principalmente dos membros inferiores, quadril e tronco, que promove maior resistência aos treinos, maior eficiência do acumulo de energia nos músculos e principalmente melhor absorção do impacto, gerando menos microlesões.
Todo esporte que mantém atividade por mais de 30 minutos gera sobrecarga muscular em que o corpo necessita de um tempo para se recuperar/adaptar; e, se o dano muscular for muito grande, o corpo não se recupera e os músculos acabam enfraquecendo. Outro ponto importante que vejo muito no consultório é que a corrida, por liberar grandes quantidades de endorfinas (analgésico natural do organismo) devido ao impacto, acaba mascarando sinais e sintomas de problemas físicos.
Portanto, se você sente alguma dor ou desconforto em alguma região ou tem insônia, não corra para aliviar os sintomas, pois o problema se agravará cada dia mais e chegará o momento em que nem muita endorfina aliviará a dor. Como a endorfina é muito potente, se ela não aliviar a dor, é porque o problema estará crônico e provavelmente não terá nenhuma medicação que conseguirá gerar um efeito analgésico. Em outras palavras, toda e qualquer atividade física precisa de acompanhamento de profissionais que possam orientar a melhor maneira de ganho, através da atividade.