No mês em que comemoramos as conquistas paradigmáticas pelo reconhecimento dos direitos das mulheres, importante é salientarmos acerca do protagonismo da mulher no comércio exterior.
Devido ao grande crescimento deste setor comercial, surge também a vulnerabilidade de gênero como um desafio para as profissionais que optam por esta área. Não há como negar que ainda existem distinções entre homens e mulheres quando se trata de concorrência profissional envolvendo cargos. Porém, atualmente a representação das mulheres no mercado de trabalho vem crescendo consideravelmente em relação aos outros anos. Identificamos avanços no segmento de lideranças no mercado do comércio exterior que até então era eminentemente masculino exibindo estatísticas mundiais de apenas 30% de representatividade feminina. Percebemos com essa evolução que barreiras de gênero, condições salariais, acesso desigual a educação e saúde são quebradas, diariamente, pelos esforços de mulheres fortes e pró ativas que se inserem nesse mercado.
Um acontecimento atual bastante significativo e inspirador foi a nomeação da economista especializada em finanças globais Ngozi Okonjo-Iweala ao cargo de diretora geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo que desde 1995 só havia sido comandado por homens. Okonjo-Iweala tem 66 anos e possui grande experiência no ramo financeiro, tendo se consolidado por 25 anos como diretora de operações do Banco Mundial e foi a primeira mulher no comando do Ministério das Finanças da Nigéria. O grande desafio da nova chefe é a analise do impacto causado pela pandemia da COVID-19 na saúde e economia juntamente com os demais membros da Organização.
Segundo uma pesquisa divulgada em Março pela ONU Mulheres, a representatividade feminina no Brasil ocupa o penúltimo lugar entre as nações da America Latina se tratando de cargos executivos, ou seja, de lideranças.
Podemos pontuar como desafio principal, em negócios concernentes ao comércio exterior, o quesito cultural pela alta diversidade de valores educacionais, familiares e de padrões comportamentais.. Cada país tem seus tabus, conceitos e preconceitos e isso se reflete na mesa de reunião, nas negociações comerciais no âmbito interno e externo. Um ponto que cabe destaque são as dificuldades que o sexo feminino se depara quando se tratam de relações comerciais com países que tem como questão cultural ou religiosa a submissão da mulher, como os países Árabes. Mesmo possuindo cargos de liderança de suma importância, parte significativa dos membros destes países recusa negociar sobre as questões comerciais com uma representante do sexo feminino.
Por isso importante é que a mulher esteja disposta a aprimorar o seu conhecimento técnico e cultural, diariamente, não se abalando pelos desafios na carreira do comércio exterior seja em posição de liderança, jurídica, econômica seja até mesmo operacional. Todas são necessárias para que esse setor, indispensável na economia, funcione regularmente de forma sustentável.
A feminização das relações comerciais vem trazendo grande crescimento no desenvolvimento do mercado de trabalho, nas empresas e nas negociações, restando clara a necessidade da abordagem continua sobre o tema para o fortalecimento do gênero, de desenvolvimento de políticas que possam expandir a participação das mulheres no comércio exterior.