Compreender a linguagem do aluno é fundamental. Da experiência que adquiri como professora, uma certeza eu tenho: estar disposto a aprender é fundamental para quem se propõe está tarefa. Certamente isto tem validade para todas as profissões, mas nós professores, estamos tão habituados a conjugar o verbo “ ensinar” que esquecemos muitas vezes deste princípio simples.
Façamos o teste: quantos bons livros lemos por ano? A quanto bons filmes, shows e boas peças de teatro assistimos? Somos observadores do que se passa à nossa volta? Procuramos compreender a realidade dos nossos alunos?
Está última pergunta é pertinente sim, porque a realidade dos alunos é também a realidade do professor. Nós convivemos com eles e, queiramos ou não, o aluno carrega consigo as suas circunstâncias e não podemos nos esquecer do que ele traz como elementos da sua própria existência e individualidade.
Disto decorre que não nos basta estarmos atentos para o que se passa no mundo da chamada “alta cultura” ou da “ produção acadêmica”, porque há uma vida repleta de detalhes, de incertezas, de erros, de gestos grandiosos e de pessoas dignas que muitas vezes não estão contempladas nos livros que, ainda sim, precisamos ler.
Precisamos também conhecer o mundo dos alunos, tentar compreender aquilo que os move, inspira e anima e também aquilo que mais os atemoriza e assusta. Sem isto o trabalho tende a ser desgastante e desestimulante para todos.
O professor não pode abrir mão do seu conhecimento, do seu permanente aprimoramento intelectual, mas sem desconsiderar que o seu aluno merece ser alçado sempre á posição de alguém com quem se pode aprender muito.
A educação contudo, não é uma seara em que todas as concessões devam ser feitas aos alunos, nem muito menos os professores devem se identificar com seus alunos de forma artificial apenas para obter a simpatia deles. Esta postura, na verdade, alcança o patético!
“Falar a linguagem do aluno” é apenas força de expressão. Não precisamos menosprezar a inteligência dos nossos alunos como se eles não fossem capazes de incorporar ao seu vocabulário novas palavras, necessário inclusive para que ele mesmo, de forma autônoma e livre, tenha maior capacidade para ler e interpretar o mundo em que vive; não precisamos abrir mão, por exemplo, do nosso estilo pessoal de portar e vestir só para que o aluno se identifique de pronto conosco.
Isto porque integra o processo educativo e de amadurecimento o fato de o aluno precisar aprender a ultrapassar dificuldades e a conviver com as diferenças. Esta é a maior tarefa para nós, professores: fazer com que o aluno sinta prazer vencer as dificuldades inerentes ao processo de aprendizagem.
A tarefa do educador não é necessariamente a de ser um facilitador permanente, mas a de alguém que deve buscar, junto ao aluno, conviver com os desafios de superar as dificuldades que perseguem sempre o processo de amadurecimento intelectual. É preciso conviver com o desafio e não simplesmente desconsiderá-lo.