Para flexibilizar o conteúdo, você precisar sondar o que o aluno já sabe, adaptar o que for necessário. Veja a descrição e o passo a passo de cada uma dessas etapas.
1º Diagnosticar
Lembre-se de que , para construir novos conhecimentos, o aluno precisa contar com um ponto de partida, isto é, com algum conhecimento já construído e que esteja relacionado ao conteúdo estudado no momento. Por meio de uma sondagem diagnóstica inicial. Tire o foco do diagnóstico médico e proponha situações desafiadoras para descobrir até onde o aluno pode chegar.
Os laudos médicos são importantes para que conheçamos algumas características que costumam estar presentes em alunos com algum tipo de deficiência, mas não contribuem para planejar o dia a dia em sala de aula.
É muito comum, sobretudo na deficiência intelectual, que a preocupação seja sobre o que “está faltando,” sobre aquilo que não sabe, mas isso raramente ajuda. Em vez de “olhar” para as dificuldades, foque nas possibilidades de aprendizagem.
Manter atenção sobre o que o aluno conhece, qual a sua participação em projetos e trabalhos em grupo e em todas as atividades cotidianas.
2º Adaptar ou flexibilizar
Importante ressaltar, que as atividades são planejadas com base no contexto de sala de aula. Em situações de adaptação curricular, é necessário transformar apenas os objetivos das sequências didáticas.
Em outros casos, você deverá flexibilizar os meios para realizar certas atividades, lançando mão de mais recursos sonoros, visuais ou táteis etc.
Vejamos: no caso de um projeto que propõe a produção de um livro de animais para crianças do 3º ano, que, na maioria das vezes já sabem escrever, temos, uma turma, com objetivos que visam a sistematização da escrita, a construção do procedimentos do escritor relativo ao texto informativo, escrita das palavras já fazendo uso de muitas regras de ortografia, entre outros.
Para aqueles alunos que ainda estão em fase de construção da compreensão das regras do sistema alfabético, podemos ter como meta os avanços que estes alunos podem ter escrevendo os nomes dos animais, observando e analisando o material de pesquisa onde se encontram palavras familiares, arriscando-se a escrever pequenas legendas, ainda que não consigam fazê-lo de forma convencional etc.
No caso de alunos que apresentam deficiência visual, física ou auditiva, nossa função é fornecer-lhes o acesso ao material, lançando mão dos recursos conhecidos, tais como, aparelhos, lupas, sistema braile e até das “nossas mãos”, se for preciso.
O currículo deve ser adaptado ou personalizado se o professor reconhecer junto a equipe pedagógica a real necessidade da criança e contar com intervenções mais específicas que diferenciam de forma significativa das aplicadas ao conteúdo da turma.
Friso que todos os alunos precisam aprender, e construir procedimentos e posturas condizentes com a condição dos alunos. Portanto, nada de deixar seu aluno com deficiência como “café com leite” da turma.
Listei algumas orientações gerais de flexibilização para casos de deficiência intelectual, física, visual e auditiva.
Deficiência Intelectual: cada um destes alunos é único. Por isso, é preciso conhecer sua vulnerabilidade, e avançar pelos meios mais adequado já planejados. É comum que estes alunos tenham dificuldades com conteúdos abstratos.
Deficiência Física: se tem deficiência física nos membros superiores, ofereça a ele pranchetas com apoios para que tenha firmeza ao escrever. Os lápis e canetas também devem estar em envoltos em espuma, para não escorregar.
Se houver limitação nos membros inferiores, estes não é motivo para excluir o aluno das aulas de Educação Física. Eles podem participar jogando com as mãos e você pode adaptar algumas modalidades para que todos joguem nas mesmas condições.
Deficiência Visual: em parceria com o AEE, ofereça registros em braile ao aluno. Deixe que ele grave as aulas e, se tiver uma máquina braile, respeite o tempo de escrita deste aluno.
Providencie, ainda, estímulos táteis, auditivos e olfativos, para que a criança consiga perceber texturas, formas e aromas.
Deficiência Auditiva: ter um intérprete de libras na escola é um direito. Mas, se a sua escola ainda não contar com a ajuda desse profissional, não desista. Abuse dos estímulos visuais e táteis, ofereça bons registros escritos e em imagens e ajude-o no seu dia a dia. Proponha que sente nas carteiras da frente e se caso for capaz de fazer leitura orofacial, procure falar olhando para ele.
3º Avaliar
Determine metas, intervenções e objetivos de aprendizagem específicos, de passo a passo para os alunos que apresentam algum tipo de deficiência. Consequentemente, a avaliação desses alunos vai refletir as adaptações que você fez para ensinar, já que a avaliação é sempre pautada no que já foi dado em sala de aula.
É fundamental considerar que, se a turma inteira está fazendo prova, esse aluno também deverá ser submetido à situação de avaliação que deverá ser construída a partir do que foi dado.
Você deverá criar relatórios periódicos com análises quantitativa e qualitativa do desempenho deles e utilizar esses dados no momento de replanejar as aulas ou de repensar alguma atividade. Boa aula!
interessa.
* Artigo da colunista Regina Marques Gonçalves, neuropedagoga. (@reginamarquesgon).