A briga da atriz Luana Piovani e do ex-marido Pedro Scooby ganhou destaque nas redes sociais nas últimas semanas e, muitas vezes, em matérias e publicações são mencionados os nomes e fotos de seus filhos.
O que parece ser uma história de ficção, que só atinge pessoas famosas, infelizmente, não é. Em vários casos de divórcios que envolvem filhos, as diferenças entre os ex casais acaba afetando toda a família.
A separação conjugal traz sofrimento a todos os envolvidos, principalmente às crianças. Mesmo quando o término da relação é benéfico para o casal e para os filhos, inicialmente a dor é inevitável.
A intensidade do trauma pode, porém, ser atenuada se a perda se limita à relação do casal, não se estendendo a conjugalidade à parentalidade, ou seja, não permitindo que as relações entre pais e filhos sejam afetadas exageradamente pelo desentendimento dos adultos.
Muitos genitores, no entanto, parecem se esquecer da responsabilidade que têm sobre a saúde mental das crianças, usando acusações como vingança e forma de revide, de barganha com questões financeiras e, principalmente, como meio de alienar um dos genitores da relação com o filho.
Em uma separação com brigas, conflitos e alienação parental, muitas vezes os filhos se encontram em um conflito de lealdade, quando é imposto a eles a escolha entre um dos pais. Eles, na realidade, não querem perder a afeição de nenhum deles, e acabam ficando ansiosos, com sintomas de agressividade entre outros distúrbios.
Vale destacar ainda, que quando se trata do mundo atual, é importante tomar cuidado com a superexposição da criança também nas redes sociais. Pais que postam e compartilham momentos em que as crianças relatam suas rotinas com o outro genitor, e que a disputam entre os pais extrapola o âmbito familiar. Fora isso, é importante chamar a atenção para a prática de Oversharenting.
O termo é um fenômeno caracterizado pelo compartilhamento excessivo da imagem das crianças realizado pelos próprios genitores. Pode ser entendido que isso se trata de uma violação dos direitos da criança e os pais podem ser responsabilizados civilmente.
É importante que todos os pais entendam que o mais importante é o bem estar da criança. Ela não tem que estar entre as brigas. Até porque, na maioria das vezes, os filhos têm o mesmo afeto por ambos e é saudável que tenham uma convivência em harmonia. A alienação parental prejudica a todos, onde o próprio genitor alienador se transforma em prisioneiro de um jogo.
*Artigo da colunista Andreia Soares Calçada, psicóloga clínica e jurídica. Perita do TJ/RJ em varas de família e assistente técnica judicial em varas de família e criminais em todo o Brasil. Mestre em sistemas de resolução de conflitos. Autora de livros e artigos na área jurídica.