A realidade perfeita (será mesmo?) através das lentes do mundo digital, a preocupação com a imagem estampada nas redes sociais, a dependência do celular e o papel da tecnologia em nossas vidas.
Essas questões inspiraram a tragicomédia “No virtual todos somos felizes”, de autoria de Rô Santana, que reestreia no dia 3 de outubro, no Cine Teatro Barra Point Shopping, na Barra da Tijuca, Zona Oeste da cidade do Rio. A história gira em torno de três mulheres distintas, porém, iguais em suas angústias, seus medos e suas frustrações.
Numa consulta com um psicólogo, elas se despem, pouco a pouco, de suas versões criadas para o Instagram, mascarando o que elas são e sentem, de fato. Com direção de Anselmo Vasconcellos, os atores Carlos Neiva, Luciana Coutinho, Rô Sant’Anna e Rocío Duran protagonizam essa trama com tons de mistérios e viradas inesperadas.
A peça ficará em cartaz todas as sextas-feiras de outubro, sempre às 21h. Curtíssima temporada.
Uma terapia de choque: caem as máscaras e o passado é revelado
A trama tem como fio condutor um psicólogo, que resolve fazer uma sessão de terapia em grupo com as suas três clientes, mas sem que elas saibam. Quando elas chegam na consulta ficam surpresas com a situação inusitada.

A partir desse encontro o passado delas e os conflitos serão revelados. “Elas estão ali para uma terapia de choque. Elas tiram as suas máscaras, despem-se de suas personas. Essa é a magia da psicologia, da análise, de como é importante que as pessoas se vejam, se ouçam, se descubram. Isso é uma das coisas mais importantes do texto, eu acho, que é essa desmistificação do que a gente cria pra gente. E tudo tem a condução de um psicólogo, que também tem as suas questões”, adianta a autora Rô Sant’Anna, que atua na peça como Heloísa, uma mulher que venceu terríveis obstáculos e tornou-se uma empresária bem-sucedida, e é namoradeira.
Recentemente, ela atuou na série “Body By Beth (2023), no ar no catálogo no streaming, no canal MAX. É autora, diretora e atriz do elogiado musical infantil “Cinderela Negra”, em cartaz pelos teatros do Rio.
Já Luciana Coutinho vive Laís, que, aparentemente, tem a família perfeita. “Ela é do lar, bem casada, tem uma família de propaganda de margarina… será? O espetáculo é instigante, se encaixa à realidade que vivemos nestes tempos atuais, quando o mundo virtual ganhou um espaço enorme na vida das pessoas”, avalia ela, que se destacou na TV, principalmente, no humorístico da Rede Globo “Zorra Total”, como a Candinha, a mulher de Nerso da Capitinga (Pedro Bismarck), de 1999 a 2012. Participou de novelas e minisséries, como nos folhetins globais “Quatro por quatro” (1994) e “O fim do mundo” (1996).
No teatro, fez parte do elenco da comédia “Marido de mulher feia tem raiva de feriado” – 10 anos em turnê -, entre outras peças, e adaptou e dirigiu “O auto da compadecida”.
E a atriz Rocío Duran fecha o trio como Alice. “Achei o tema muito pertinente. Todos querem mostrar a vida perfeita e camuflar as imperfeições. Eu interpreto Alice, uma digital influencer que mostra uma vida perfeita baseada em mentiras. Eu tenho em comum com ela a exposição na web, pois faço personagens de comédia, mas passo longe de suas mazelas. Porém, interpretá-la é realmente uma experiência fascinante”, frisa ela, que fez trabalhos na TV, como na novela “Segundo sol”; e no cinema, em “Rota de fuga”.
Em seu perfil na Internet, bomba com os posts de vídeos autorais de comédia.
O ator Carlos Neiva interpreta o enigmático psicólogo Pedro. “Esse trabalho me fez perceber a grandiosidade da psicologia que trabalha a compreensão da mente humana. Construímos nossa própria narrativa e o psicólogo tem a função de destrinchar cada camada obscura, o que conduz a uma autodescoberta. Pedro, que significa pedra, rocha, tem muitas camadas de dores, mágoas e carências, que esconde atrás de um profissional aparentemente irretocável”, diz ele, que atuou na peça “As três irmãs” e nos musicais “Coisas que a gente não vê” e “O Rei do Show”.
Ainda assina a direção de atores do infantil “Cinderela Negra” e é comediante de espetáculos de improviso.

A palavra do diretor
O renomado Anselmo Vasconcellos conta como foi o seu processo para conceber o espetáculo.
“Experimentei uma concepção que me atraia há tempos: não fazer leitura de mesa, não estudar o texto, para não conceber previamente a sua encenação, o entendimento viria pela performance dos atores nas sequências das cenas. Dividi as cenas em movimentos e a cada ensaio os atores me apresentavam as situações do texto, os diálogos e eu sugeria movimentações e sonorizações sem saber o que viria depois. Cada tentativa dos atores e da autora – também atriz no espetáculo – de me explicar os ‘porquês’ das situações eu barrava, impedia. Assim fui entendendo a peça como espectador privilegiado, emancipado. A intuição foi assim manifesta. Livre e atiçando a curiosidade que só crescia a cada movimento construído e detalhado. Quando chegamos a cena final e fechado o intento da autora, eu fiquei radiante”, comemora.
Entre os seus últimos trabalhos no teatro, Vasconcellos destaca o monólogo “A Cafona”, no qual interpretava uma mulher sem recorrer a artifícios externos, sem figurino ou caracterizações. A representação do feminino era interior, não exteriorizada.
O espetáculo ficou em cartaz por quase dois anos e foi premiado no Festival Nacional de Teatro de Duque de Caxias. Atualmente, está envolvido em diversas séries com previsão de lançamento para o segundo semestre.
Serviço:
‘No virtual todos somos felizes”
Texto: Rô Sant´Anna.
Direção: Anselmo Vasconcellos.
Elenco: Carlos Neiva, Luciana Coutinho, Rô Sant`Anna e Rocío Duran.
Sinopse: Evidenciar a tendência mundial de mascarar a vida real, mostrando ao mundo, através das redes sócias, a nossa versão virtual perfeita (só que não), é o ponto de partida dessa tragicomédia, em que três mulheres vivem a vida social e a pessoal separadas, nesse mundo globalizado, onde você é o que aparenta.
E para quebrar a blindagem dessas mulheres surge o enigmático psicólogo que as confronta e as expõe.
Classificação: 14 anos.
Duração: 70 min,
Dias 3, 10, 24 e 31/10
Sextas-feiras, às 21h.
Cine Teatro Barra Point Shopping – Avenida. Armando Lombardi 350, Barra da Tijuca.
Valores: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia)
Redes sociais: @espetaculonovirtual
Link de vendas: https://bileto.sympla.com.br/event/78926/d/338435/s/2299452

























