Há quase dois anos, o descolado morador de Barra de Guaratiba Vitor Gato, de 38 anos, dá aulas de stand up paddle em troca de doações de alimentos. Ele junta essas e outras doações de pessoas solidárias e ajuda moradores de rua na região devolvendo-lhes a humanidade e a alegria de viver.
“Muita gente quer ajudar, mas tem pouco tempo para ir à rua, não sabe como fazer e em quem confiar. Eu me considero um canal, que pode ajudar os dois lados, fazendo o bem sem olhar a quem”
Como e quando começou a fazer esse tipo de trabalho voluntário?
Há cerca de um ano e nove meses, quando voltei para a igreja. Na época, eu já dava aulas de stand up paddle e ganhava bastante dinheiro, dinheiro que eu não precisava. Decidi usar esse talento para ajudar os outros e comecei a dar aulas em troca de doações de alimentos. Hoje, eu conto com o apoio de diversas pessoas que também fazem sua parte ajudando os moradores de rua.
Como funciona o seu trabalho?
Eu recolho doações de diversas pessoas solidárias. Uma senhora, que eu não conheço, inclusive, doa 35 cestas básicas todo mês. Trabalho com os moradores de rua para que eles possam se curar de seus vícios e voltar à sociedade. Hoje, nós trabalhamos com quatro abrigos: Vida Plena; Pr. André Assis e Escolhidos do Senhor – todos no Pingo d’Água, próximo a Campo Grande; além do Libertos, na Urucânia, próximo a Santa Cruz.
Você tem alguma história marcante sobre esse seu cotidiano?
Já ajudei três pessoas que vieram ao Rio tentar trabalho e, por não encontrarem, acabaram virando moradores de rua. Um dia, eu estava no Posto 12 e um deles me abordou. Eu não me lembrava dele, ele me explicou que tinha vindo de São Paulo. Lá, ele estava empregado, ganhando bem, e veio aqui só para me agradecer. Foi muito legal!
Qual a importância do seu trabalho?
Acho que é uma chance que eu tenho de ensinar outras pessoas que é fácil ajudar o próximo.