A saúde mental dos atletas vem ganhando cada vez mais protagonismo no mundo do esporte, mas há uma frente que cresce de forma silenciosa e estratégica: o trabalho com atletas em formação e suas famílias, especialmente os pais.
É nesse cenário que se destaca Fábio Nascimento, um dos principais nomes do time multidisciplinar do método MR3, criado pelo treinador mental Lulinha Tavares. Com mais de 100 jovens e familiares já atendidos, Fábio vem ampliando e solidificando o legado de Lulinha com um olhar sensível, técnico e
Fábio chegou até Lulinha 2018, movido pela vontade de trabalhar o campo mental dos atletas. Foi um amigo em comum que o apresentou a Lulinha Tavares – e bastou uma ligação para que a conexão acontecesse.
“Marcamos um encontro e disse: quero que você me treine para eu ser um treinador de atleta”, disse Fábio.
No dia seguinte, Lulinha ligou de volta: “Bacana. Vou te treinar”. Desde então, Fábio se tornou peça fundamental na expansão do método, assumindo um papel cada vez mais estratégico, especialmente nas categorias de base.
Com formação em neurociência do comportamento, PNL e liderança avançada, Fábio entende que o grande desafio para os atletas não está apenas no gramado, mas no campo das emoções.
“Dá para ter alegria, raiva, euforia e tristeza o tempo todo? Não dá. A autogestão é o que comanda corpo e mente”, afirma. Em seu trabalho, ele introduz três pilares fundamentais: visualização, respiração e afirmações – ferramentas que, quando bem aplicadas, ajudam o atleta a desenvolver equilíbrio emocional e mentalidade vencedora.
O método MR3, criado por Lulinha Tavares e consolidado como referência nacional em performance mental, tem como base a tríade: mentalidade, resiliência e resultados. Desde 2008, mais de 40 clubes já foram atendidos – num universo 4 mil atletas.
Atualmente, Lulinha integra o staff do Corinthians, mas reforça que sua ausência física da empresa não compromete a eficácia do programa.
“O Fábio é um profissional em quem confio profundamente, bebeu muito na fonte do nosso trabalho vivendo de perto cada etapa do treinamento mental. Ele representa a essência do nosso método e conduz com excelência os pontos fundamentais do processo”, afirma o criador do método.
O diferencial do trabalho de Fábio está no acolhimento aos pais. A explosão de procura devido ao crescimento da empesa fez com que muitos familiares, especialmente os pais, passassem a frequentar as sessões ao lado dos filhos.
“Tem pai que pula na quadra, agride juiz, xinga. Já vi jogo ser paralisado por causa de briga entre pais na arquibancada. A criança vendo isso ativa um gatilho enorme. Nosso papel é orientar e mentorar esses pais para que isso não aconteça”, explica Fábio.
Um dos casos que ele cita envolve um menino que pediu a presença da mãe nas sessões porque ela gritava muito durante os jogos. Depois do acompanhamento, ela segue indo aos jogos, mas agora em silêncio – e com o filho mais confiante em campo.
A experiência no atendimento a atletas de base levou o MR3 a estruturar um projeto que está saindo do forno: uma mentoria específica para pais, com foco na formação emocional dos filhos.
“A área infantil ganhou uma notoriedade absurda. Ali está uma oportunidade imensa para quem quer preparar atletas de forma completa. O menino precisa aprender a lidar com frustrações: não ser escalado, jogar pouco tempo… e os pais também precisam entender como agir nesse processo”, diz Fábio.
Além de atletas das categorias de base, o treinador mental também vem acompanhando profissionais e até jogadores que atuam no exterior. Seu trabalho vem se consolidando como uma ponte entre o talento bruto e a maturidade mental necessária para que esse talento floresça – dentro e fora de campo.
“Nosso trabalho não é só sobre vencer. É sobre formar pessoas emocionalmente fortes, que saibam lidar com os altos e baixos da vida no esporte”, resume Fábio.
