As varizes não são só uma questão estética, a doença precisa ser tratada, já que as veias dilatadas podem estar associadas a complicações mais graves como processos inflamatórios na pele como tromboflebite, feridas como úlceras varicosas e ter relação até com a trombose.
A partir dos 30 anos é comum aparecerem varizes que podem piorar com o passar dos anos. Só no Brasil atingem mais de 20 milhões de pessoas, sendo a maioria mulheres.
A população feminina é mais atingida por essa doença por causa dos hormônios. No entanto, o problema também pode afetar os homens, que por falta de informação ou conhecimento, na maioria das vezes, só costumam buscar o tratamento quando a doença já se encontra em um estágio avançado. Fazer um check-up vascular é muito importante, porque com o passar dos anos acontece o envelhecimento natural dos vasos sanguíneos.
O principal fator de risco para se ter varizes é a presença desta doença na família: a hereditariedade. Porém, o sobrepeso, provocado pela obesidade, aumenta a pressão sobre as veias e dificulta o retorno venoso. E outros fatores que contribuem são o uso de hormônios e o sedentarismo.
Dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV- RJ) apontam que 18% da população adulta tem varizes. Como as varizes possuem variações, os tratamentos são aconselháveis caso a caso.
O problema pode se agravar no Verão. As altas temperaturas ocasionam alguns incômodos, principalmente nas pessoas mais idosas e que já possuem problemas circulatórios. O calor promove uma vasodilatação das veias, o sangue se acumula mais nos membros inferiores e há uma diminuição do retorno venoso. As pernas ficam mais inchadas e pesadas e quem possui varizes pode apresentar mais dores e sangramento.
Como o sangue fica mais acumulado nas extremidades, a drenagem das veias é mais lenta e isso acaba ocasionando o inchaço. Para se entender o processo, é importante entender que as veias são permeáveis, quando vaza um pouco de líquido delas para a musculatura e o tecido que as envolve, o sistema linfático é responsável por capturar esse líquido e retomá-lo ao local de origem.
Quando há um problema ou do sistema venoso ou linfático, por exemplo, o venoso por soltar muito líquido e o linfático por não recuperar adequadamente, acaba ocasionando o edema. No calor, como há a vasodilatação, o acúmulo de líquido é maior e, consequentemente, as pernas ficam mais inchadas e pesadas.
As pessoas idosas costumam ter mais edemas, pois elas têm um envelhecimento do sistema tanto venoso quanto linfático. Além disso, algumas doenças da idade como doença cardíaca, insuficiência cardíaca e insuficiência renal ajudam a reter mais líquido.
Para contornar o problema, o ideal é evitar o sedentarismo. Caminhar e não ficar muitas horas parado. Uma das causas mais comuns do inchaço é ficar muito tempo em pé ou sentado, pois para que a circulação venosa aconteça de forma mais fácil, é preciso ter contração da musculatura e isso acontece quando andamos.
Quando ficamos parados, tanto em pé, quanto sentado, temos um relaxamento dessas musculaturas e as veias precisam de muito mais esforço para retornar o sangue para o corpo. Ou seja, essa contração da musculatura comprime os vasos, comprime as veias e ajuda no retorno venoso. Para quem não pode caminhar sempre, é importante que, de tempos em tempos, se faça a contração da panturrilha.
Nos dias muito quentes, é importante evitar alimentos ricos em sal, que promovam a retenção de líquido e também as bebidas alcoólicas em demasia, pois o álcool favorece a vasodilatação.
A erisipela nesta época do ano pode ser um problema comum para quem tem problemas circulatórios. Nesta doença há um comprometimento dos vasos linfáticos e aí com a dilatação das veias no calor e o extravasamento de mais líquido pelas paredes das veias e com o comprometimento do sistema linfático a tendência é a pessoa ter um inchaço ainda maior.
A pele inchada em demasia pode sofrer micro fissuras, permitindo um campo maior para a entrada de bactérias. Para se evitar o problema é indicado tratar a pele, usando hidratante para evitar feridas e fissuras
* Artigo publicada pelo colunista Ricardo Brizzi, Angiologista e Cirurgião Vascular. É membro da Sociedade de Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro. É um dos responsáveis pelo setor de cirurgia vascular e endovascular do Hospital Badim, do Hospital Israelita e Hospital Norte D’Or.