Afinal, o que o brasileiro tem? Nós, que vivemos e nascemos aqui, não sabemos descrever os trejeitos que o mundo atribui ao verdadeiro “jeitinho”; está na forma de andar, no falar, na malandragem, na alegria, nos dois beijinhos e nos atrasos. Ser brasileiro é quase uma religião, uma seita, só que a gente nunca assinou nenhum contrato de concessão, já nascemos sendo. E, por assim sermos, fica aquela dúvida: será que alguém de fora consegue reproduzir todo esse estilo de uma maneira autêntica?
Para o goiano Faust Maurer, dá até para fazer um curso sobre isso. Começou dando aulas de inglês em Santa Teresa para executivos da Petrobrás e, com o sucesso, foi convidado a dar aulas de português para os profissionais da empresa de outros países que vinham morar no Brasil. Nasceu, assim, o curso de transculturalização dentro do Plan Idiomas Direcionados, sua empresa de idiomas, que desde 1995 tem uma filial também na Barra.
Segundo Faust, as aulas são divertidas e dinâmicas, levando os alunos a passeios tipicamente brasileiros e introduzindo nossos hábitos.
“Os expatriados estranham muitos dos nossos hábitos. Outro dia uma aluna nossa chegou indignada dizendo que agora entendeu porque o brasileiro faz fila tão coladinho um no outro. É pra não perder a vez, disse ela. A mulher contou que estava na fila de uma lanchonete dando o espaço usual de um braço da pessoa da frente e que de repente chega um homem e entra na frente dela, assim, sem pedir licença”, conta.
Os gringos confirmam: nossa cultura é rica e interessante. Segundo Lourdes Rodrigues Ron, do Equador e moradora da Barra, o Brasil pode ser traduzido em uma palavra: maravilhoso!
“A cultura brasileira é riquíssima, mesmo porque tem dimensões continentais, são reconhecidos como um povo hospitaleiro, em geral, muito coloridos e alegres”, destaca.
Lourdes é engenheira da SLB e está no Brasil desde 2014 a trabalho. Para ela, o curso não ajudou apenas na vida diária no país, mas no seu crescimento profissional.
Também da mesma empresa, mas estagiária, a Elli Gilje tem 22 anos e é estudante de Química de Oxford. Fã de churrasco, a inglesa destaca alguns pontos turísticos, entre eles a praia, como seus prediletos no Rio.
“Eu amaria voltar ao Brasil. Eu realmente desfrutei do meu tempo aqui. Eu só sabia que Brasil era na América do Sul e que a capital era Brasília. Eu não sabia quem era o presidente, e eu não sabia que o Brasil e o único país que não fala espanhol, e eu não sabia sobre os churrascos, por exemplo”, confessa.
Elli volta para o seu país de origem em menos de um mês e, graças ao curso e ao intercâmbio, conheceu pessoas novas. Segundo ela, o curso a deixou mais confiante.
O estranhamento é comum para culturas diferentes, mas quando o assunto é Brasil, uma coisa é unanimidade: somos contagiantes.
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