Recentemente, uma das produções audiovisuais que mais está dando o que falar é a série “Ruptura”, que está disponível na Apple TV. A primeira temporada foi lançando em 2022, mas a segunda temporada só saiu em 2025, com o último episódio sendo publicado no mês de março. A terceira temporada está confirmada – e ainda bem!
A trama conta a história de Mark Scout, Dylan George, Helly R. e Irving, quatro pessoas que passam por um procedimento chamado Ruptura para trabalhar em um setor misterioso de uma empresa.
O procedimento consiste em implantar um chip no cérebro que faz com que eles não se lembrem de quem são quando estão dentro do trabalho, e nem do que fizeram durante o expediente quando vão para casa. Isso faz com que praticamente duas pessoas vivam em um só corpo: uma no trabalho e outra fora.
Apesar da série levar as situações para um lado absurdo reflete sobre coisas relacionadas ao trabalho
A palavra “trabalho” vem do latim tripalium, que significava “instrumento de tortura”. Ou seja: originalmente, “trabalhar” significava “ser torturado”. Isso porque, séculos atrás, muitas pessoas eram tiradas de seus locais de origem para trabalhar em outros lugares contra a sua vontade, sendo obrigadas a serem submissas a opressores.
Com o tempo, o significado da palavra e das atividades laborais mudaram, apesar de ainda hoje existir trabalho escravo ou análogo à escravidão.
Apesar da série levar as situações para um lado absurdo, ao longo dos episódios conseguimos refletir sobre muitas coisas relacionadas ao trabalho. Por exemplo: muitas pessoas, em alguns momentos, acham que precisam “vestir uma outra pele”, interpretar um personagem, para se adequar a determinados ambientes e/ou situações.
Assistindo à série, nos questionamos até onde isso é saudável. Até onde isso te aproxima ou te afasta do que você é de verdade? Será que você precisa realmente fazer isso para se dar bem no seu ofício?
Já outras pessoas acham que precisam se dedicar totalmente ao trabalho para esquecer ou lidar melhor com problemas pessoais, como o falecimento de um ente querido.
Mas a série acaba dando uma rasteira em quem assiste e ensina que você não precisa fazer isso. Isso pode até piorar as coisas. A vida traz o luto de volta em momentos que você nem espera e isso é normal. Está tudo bem quanto a isso e é preciso encará-lo para que a convivência com esse sentimento seja menos pior.
A ferida sempre vai estar ali, mas com o tempo se aprende a mexer nela sem se ferir mais.
A série também mostra personagens que não fizeram a ruptura, mas se dedicaram a vida inteira à tal empresa para atingir cargos mais altos. E mais uma vez ela nos faz refletir: até que ponto é importante se dedicar tanto ao trabalho?
Será que se dedicar demais faz com que nos esqueçamos de quem somos? Será que vale mesmo a pena passar por determinadas situações para subir degraus na empresa?
Não querendo dar spoiller, mas já dando, a segunda temporada de “Ruptura” termina com gosto de quero mais e com possíveis desdobramentos para muitas temporadas. Além de nos empolgarmos com a história, ficam os ensinamentos de que o equilíbrio é tudo e que a personalidade de cada um pode contribuir sim para um ambiente de trabalho mais humano, mais empático e mais divertido (por que não?).
Muito tem se falado sobre saúde mental no trabalho, mas o labor é sim parte de quem somos. É importante, diz pro mundo qual o lugar que ocupamos, nos traz o sustento, paga nossas contas. Mas não podemos tê-lo como único motivo para viver. Somos importantes para nós mesmos e para nossas famílias. Lazer, terapia, exercícios físicos, prazer, tudo é importante para desestressar e nos manter nos eixos.
E você? O trabalho molda quem você é ou você consegue ser você mesmo?
